A Volta do Lobo Terrível: A Ciência por Trás da Desextinção do Canis dirus
A ciência deu mais um passo ousado rumo ao que antes era apenas ficção científica. Em 2025, a empresa norte-americana Colossal Biosciences anunciou oficialmente o nascimento dos primeiros três exemplares de uma versão geneticamente recriada do Canis dirus, conhecido popularmente como o “lobo terrível”.
Os filhotes, batizados de Rômulo, Remo e Khaleesi, representam o primeiro projeto bem-sucedido de desextinção de um predador de grande porte extinto há cerca de 10 mil anos.
Quem foi o lobo terrível?
O Canis dirus, ou lobo terrível, viveu durante o período Pleistoceno, principalmente na América do Norte, sendo um dos maiores predadores do seu tempo.
Embora muito parecido com o lobo-cinzento moderno (Canis lupus), ele era mais robusto, com mandíbulas e dentes mais poderosos — adaptados para caçar grandes presas e até quebrar ossos.
A espécie desapareceu há cerca de 10 mil anos, ao final da última Era do Gelo, possivelmente devido a uma combinação de mudanças climáticas e à competição com humanos e outros predadores.
Desde então, fósseis do lobo terrível têm sido encontrados em locais como o famoso poço de piche de La Brea, nos Estados Unidos, onde mais de 4 mil espécimes foram recuperados.
A empresa por trás do projeto: Colossal Biosciences
A Colossal Biosciences é uma empresa de biotecnologia sediada no Texas, fundada pelo geneticista George Church (Harvard) e o empreendedor Ben Lamm. Conhecida por seu ambicioso projeto de “ressuscitar” o mamute-lanoso, a empresa tem se destacado pela aplicação de tecnologias de ponta em genética e biologia sintética.
No caso do lobo terrível, o objetivo da empresa era recriar uma versão viável e funcional do animal a partir de informações genéticas extraídas de fósseis bem preservados. Utilizando sequenciamento genômico, edição de genes com CRISPR e manipulação de células-tronco, os cientistas conseguiram alterar o DNA de lobos-cinzentos para expressar características fenotípicas do Canis dirus.
O nascimento dos “novos lobos”
Em outubro de 2024, nasceram os primeiros três filhotes com o código genético parcialmente recriado do lobo terrível. Eles foram gestados por cadelas domésticas em um ambiente controlado e, segundo a empresa, apresentam características físicas marcantes: são maiores que lobos comuns, possuem pelagem branca espessa e traços cranianos mais largos.
Os animais vivem atualmente em uma reserva secreta, onde são monitorados por uma equipe multidisciplinar de biólogos, veterinários e especialistas em comportamento animal. A empresa afirmou que os três estão saudáveis, ativos e demonstrando comportamentos sociais semelhantes aos dos lobos modernos.
A ciência por trás da desextinção
A “desextinção” de espécies extintas não significa simplesmente trazer de volta um animal exatamente como era há milhares de anos. No caso do lobo terrível, o DNA encontrado em fósseis estava bastante degradado, o que impossibilitou a clonagem direta. Em vez disso, os cientistas compararam os genomas do Canis dirus com os de lobos modernos e identificaram 14 genes essenciais relacionados ao tamanho, estrutura óssea e metabolismo.
Esses genes foram então editados em células-tronco de lobos-cinzentos. As células alteradas foram usadas para criar embriões viáveis, que foram implantados em cadelas. A técnica é semelhante à usada na clonagem de ovelhas como a famosa Dolly, mas com modificações genéticas adicionais.
Críticas e controvérsias
Apesar do entusiasmo popular, o projeto não escapou de críticas. Muitos cientistas expressaram preocupação com o impacto ético e ecológico da reintrodução de espécies extintas. Especialistas apontam que recriar um animal não é o mesmo que recuperar todo seu ecossistema — e que um animal moderno, mesmo com traços genéticos antigos, não é uma cópia fiel da espécie extinta.
Além disso, a Colossal Biosciences foi criticada pela falta de publicações científicas revisadas por pares que sustentem suas alegações. Embora a empresa afirme que os dados serão publicados em revistas científicas em breve, parte da comunidade acadêmica exige mais transparência nos processos usados.
Como afirmou o paleontólogo Love Dalén, do Centro de Paleogenética de Estocolmo: “O que a Colossal está criando são híbridos geneticamente modificados. Chamar isso de ‘desextinção’ pode ser tecnicamente enganoso, embora ainda seja um feito impressionante da biotecnologia”.
Por que ressuscitar espécies extintas?
A Colossal defende que projetos como o do lobo terrível servem a múltiplos propósitos: avançar o conhecimento genético, desenvolver novas ferramentas de biotecnologia e até contribuir para a conservação ambiental. A empresa também argumenta que esses animais podem ajudar a restaurar ecossistemas perdidos, como o permafrost siberiano no caso dos mamutes-lanosos.
Em relação ao lobo terrível, a empresa afirma que não pretende soltá-los na natureza tão cedo. O objetivo atual é observar os animais em ambientes controlados, entender seu comportamento e avaliar as implicações ecológicas e genéticas da experiência.
O que o futuro reserva?
Com o sucesso dos primeiros filhotes, a Colossal Biosciences pretende expandir o projeto e criar uma população maior dos “novos lobos terríveis”. Paralelamente, a empresa continua seus esforços para ressuscitar outras espécies, como o tigre-da-Tasmânia e o mamute-lanoso, utilizando as mesmas tecnologias de edição genética.
Se esses projetos se mostrarem viáveis a longo prazo, o mundo pode testemunhar uma nova era na biologia, em que extinções não são mais definitivas. Ainda assim, os debates éticos, ecológicos e científicos sobre esses experimentos continuarão sendo intensos.
Referências
- El País. La empresa que creó los ratones lanudos anuncia la desextinción del lobo gigante. Acesso em 08/04/2025.
- Los40. El lobo ‘terrible’ de ‘Juego de Tronos’ revive tras 10.000 años extinguido. Acesso em 08/04/2025.
- HuffPost. El lobo gigante de ‘Juego de Tronos’, primer animal “desextinto” de la historia. Acesso em 08/04/2025.

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